Teshuva
Em hebraico, existe uma palavra de difícil tradução: teshuva. A palavra remete primeiro a arrependimento, mas também a retorno. Retornamos mentalmente à época em que cometemos uma transgressão e desta vez tomamos um outro caminho. É um treinamento para ser uma pessoa diferente e, quem sabe, melhor.
É mais do que sabido que eu participava de um grupo privado de homens há mais ou menos catorze anos atrás, e que nesse grupo foi relatada uma dolorosa traição. E, sendo um grupo de homens de 2011, também se faziam piadas de péssimo gosto, falava-se de mulheres etc., embora não fosse o cerne do grupo, como já disseram alhures. Fomos todos criados num imenso caldo de machismo e misoginia e reproduzi falas e comportamentos por volta dessa época dos quais me arrependo e me envergonho. Eu não era uma “pessoa poderosa”, era um mestrando bolsista. Nada disso me isenta da minha parcela de culpa às pessoas que magoei, ainda que indiretamente. Não conhecia Vanessa à época, mas envio a ela o mais sincero possível pedido de perdão. O sofrimento dela foi tremendo e lamento ter sido parte disso. Desejo que ela encontre paz com sua família.
Arrependimento não é nada sem mudança. Não sou a mesma pessoa que era há 15 anos. Na verdade, aquele idiota irresponsável é praticamente irreconhecível para mim. Construí uma vida profissional e uma família com muito amor. Espero que, no futuro, isso pese mais do que meus erros do passado.
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